Faltando 8 dias para o Oscar, desponta aqui no Polifonia o grande pseudofavorito do evento, The Facebook's Movie.
Diretor fodão
É sempre com muita expectativa que vamos ao cinema ver mais uma produção de David Fincher, diretor dos mais interessantes da atualidade; Fincher pertence a um pessoal que ganhou grande destaque na virada do milênio, como M. Night Shyamalan (O Sexto Sentido), The Wachowski Brothers (Matrix), Tom Tykwer (Corra Lola, Corra) entre vários outros, que como ele, fizeram filmes que revolucionaram os gêneros e ganharam status de “Cult”; o exemplar de David nessa, foi a porrada na cara “Clube da Luta”. Passando os confetes, essa turma ganhou imensa responsabilidade e expectativa para seus novos projetos, alguns deles confirmaram apenas uma “sorte momentânea” e seus trabalhos seguintes foram decaindo, outros, ratificaram seus talentos, felizmente David se enquadra no segundo grupo.
Madonna em "Vogue" dirigido por Fincher |
Eu fiz o meu facebook há algum tempo, como a maioria aqui migrei do cocô Orkut. Nas primeiras semanas de uso da “nova” rede social, fiquei absolutamente perdido e confuso, não sabia usar aquela porra de jeito nenhum; bem nessa época, fiquei sabendo da produção do filme, logo pensei: “Que tipo de filme pode sair sobre essa confusão chamada facebook?” e confusão foi a última coisa que passou na minha cabeça ao ver o filme, que é quase o melhor da carreira de David.
Como de costume vamos aos tópicos:
1. Visual
David já trabalhou por muito tempo na ILM (empresa de George Lucas, responsáveis pelos efeitos visuais de 7 a cada 10 blockbuster’s americanos) e em todos seus filmes o visual é importante e muito bem executado. Desta vez em especial David não usa suas habituais trucagens visuais e efeitos especiais, o filme aposta na sutileza. A fotografia é mais escura e a profundidade de campo super reduzida (fundo mais desfocado) traduzindo assim o isolamento dos personagens principais. Merece destaque uma seqüência em que é usada a técnica de Tilt Shift que através de lentes especiais temos a impressão de vermos miniaturas na tela, além dos gêmeos vividos pelo mesmo ator, em que as cenas são completamente orgânicas e que fizeram eu acreditar que realmente eram gêmeos.
Jesse Eisenberg |
2. Elenco
Todo o time de atores está muito bem, com destaque para o desconhecido Jesse Eisenberg com uma incrível naturalidade é o vilão e o mocinho ao mesmo tempo, seu personagem complexo e complicado é um presente para bons atores e um pesadelo para atores mais ou menos. Merecidamente Jesse recebeu uma indicação ao Oscar e estréia com o pé direito em Hollywood.
3. Roteiro
Falei bastante sobre David Fincher, mas metade do mérito do filme é seu roteiro, uma das melhores adaptações dos últimos anos (O filme é uma adaptação do livro de Ben Mezrich The Accidental Billionaires: The Founding of Facebook, a Tale of Sex, Money, Genius and Betrayal foi adaptado por Aaron Sorkin (The West Wing). Os diálogos são rápidos, carregam muita informação e num primeiro instante até assustam tamanha sua complexidade, mas logo depois dessa falação desenfreada, entendemos exatamente o funcionamento da cabeça desses personagens e mais, embarcamos de corpo e alma no enredo.
4. Direção
David é perfeccionista, grava 40 takes de cada cena, e se precisar abrir mão de uma grua ou steadycam para poder focar mais nos atores, faz isso, sem nenhum pesar. Sua direção está inspirada, focada muito mais nos atores do que em comparação com seus últimos trabalhos, e isto representa sua constante evolução já falada anteriormente. Merece e deve ganhar o Oscar de direção.
5. Montagem
Quando comentei que pressenti que A rede social seria confuso, dei a cara a tapa, pois até meu pai de 88 anos entenderia o filme, o que é admirável! Tamanha a modernidade e complexidade dos temas. A edição é tão moderna e eficiente que faz fluir um processo complicado, misturando com um nerd com problemas de relacionamento, misturando com um novo site feito, e tudo isso misturado com uma tensa disputa judicial em que não sabemos ao certo o que a motivou. Quando saí da sessão falei pra mim mesmo: Preciso pegar uns toques desse montador! A montagem é a favorita no Oscar, e se não ganhar, será a maior injustiça dessa categoria nos últimos anos!
A rede social deixou de ser o grande favorito ao prêmio de melhor filme, como a tendência vinha mostrando, O filme O discurso do Rei tomou seu lugar, pois, venceu os prêmios das associações mais importantes... Todavia, acredito esse ser o ano de David Fincher e aposto minhas fichas no Oscar para "A Rede Social".
PS. Passada a “confusão” inicial, o Facebook é meu maior vicio atual...(até rimou)
Nota de 1 a 10: 9,9
Mais uma bela crítica do Diego, e mais uma com a qual concordo completamente! David Fincher continua a me surpreender a cada filme, e fico feliz de poder testemunhar a evolução de sua arte.
ResponderExcluirParabéns, Diego, por mais uma análise de filme incrível!